Cães podem melhorar os relacionamentos em comunidade e estimular a longevidade
Jane E. Brody
Eu estava viúva há quase quatro anos quando a solidão começou a pesar, mas em vez de procurar uma companhia humana, me vi mais interessada em uma de quatro patas. E foi assim que, em fevereiro, adotei um filhote de bichon havanês de cinco meses. Hipoalergênico e pequenino, ele é fácil de pegar e carregar na hora de visitar familiares e amigos, mesmo para mim, que já me aproximo dos 80 anos.
Embora muitos donos de cães que conheço tenham encorajado minha decisão, vários amigos que não possuem animais de estimação acharam que eu estava ficando louca. Como, com tanto trabalho, viagens e participações em eventos, eu conseguiria cuidar do cãozinho?
Engraçado que ninguém questionou esse tipo de coisa quando decidi ter filhos. De fato, muito pouca gente pensa antecipadamente em como um bebê vai ter que se adaptar à rotina da família: afinal, quem quer mesmo engravidar dá sempre um jeito.
Pois é o que estou fazendo com Max II (seu nome é uma homenagem a um cachorro que minha família teve há muitos anos) e estou apaixonada. Ele é inteligente a ponto de saber quando realmente tenho de trabalhar e não posso brincar. Enquanto escrevo este artigo, está dormindo no chão, aqui do meu lado, embora, durante uma entrevista por telefone que concedi há duas semanas, ele tenha conseguido destruir todo o papel que encontrou dando sopa dentro do estúdio.
Sim, ele dá trabalho, pelo menos na idade em que está, mas, como as crianças pequenas, me faz rir várias vezes por dia, o que, aparentemente, não é incomum: em um estudo realizado com 95 pessoas, as que têm cães riem mais do que as que possuem gatos ou aquelas que não têm animais de estimação.
Quando converso com Max, ele olha para mim com olhos amorosos e parece entender tudo o que digo. Quando levanto de manhã, me cumprimenta com todo o entusiasmo do mundo, e faz o mesmo quando volto de uma caminhada ou um mergulho, uma reunião de trabalho ou uma noite no teatro.
MAIS VIDA SOCIAL
Talvez o benefício mais interessante seja as dezenas de pessoas com quem acabo interagindo na rua, com ou sem cachorro, que param para admirá-lo e puxar conversa comigo.
Instigada pelo meu filho, também apaixonado por cachorros, resolvi explorar os benefícios de um animal de estimação para a saúde e saí atrás de material sobre o assunto, primeiro em relação a idosos, mas também a outras faixas etárias.
O cachorro ainda é a companhia animal preferida dos norte-americanos, e estudos revelam que os pets em geral, mas principalmente os cães, ajudam a manter a saúde cardiovascular, reforçam a resistência ao estresse, melhoram os relacionamentos sociais e estimulam a longevidade.
Erika Friedmann é responsável por um estudo revolucionário, feito nos anos 1980, que concluiu que, em circunstâncias semelhantes, quem tem animais tem mais chances de ainda estar vivo um ano depois de ter alta da unidade de tratamento coronário. Da mesma forma, tem mais facilidade para manter os níveis de pressão sanguínea, colesterol e triglicérides mais baixos, mesmo consumindo maior volume de bebidas alcoólicas, comendo mais carne e pesando mais do que aqueles que não têm pets. Outra pesquisa descobriu que idosos que levam seus cães para passear, ao contrário dos que caminham com outras pessoas, costumam praticar mais exercícios e têm melhor forma física.
Estudos feitos pela pesquisadora, que também é professora da Faculdade de Enfermagem da Universidade de Maryland, demonstraram um nível menor de agitação psicológica em situações estressantes quando havia um animal presente.
MAIS SAÚDE MENTAL
Um estudo publicado em 2007 pela Society & Animals concluiu que os animais "aliviam alguns fatores determinantes da saúde mental, como a solidão". Em pesquisa realizada com 339 pessoas na Austrália Ocidental, verificou-se que os bichos de estimação estão relacionados "às interações sociais, troca de favores, envolvimento cívico, percepções de cordialidade entre vizinhos e senso de comunidade".
Já os donos mais idosos mostraram "uma insatisfação significativamente menor em relação à sua condição social, física e emocional", como mostra um relatório concluído em 1993 por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Davis.
As crianças também se beneficiam dessa relação, tanto médica quanto socialmente: os níveis de asma e eczema, por exemplo, são menores entre os pequenos que cresceram entre cães. Ter um pet reforça o desenvolvimento emocional e a segurança, pelo menos segundo Gail F. Melson, professora de estudos dessa área na Universidade Purdue. Ela percebeu que as crianças de cinco anos que procuram apoio nos animais são consideradas pelos pais menos ansiosas e retraídas do que as que não têm esse recurso.
Apesar de tudo isso, antes de adquirir um animalzinho, principalmente um cachorro, Alan M. Beck, diretor do Centro de Relações entre Humanos-Animais de Purdue, aconselha que se meçam muito bem as consequências:
— É preciso avaliar a raça, o tamanho e o temperamento adequados para cada família.
fonte:http://anoticia.clicrbs.com.br/sc/noticia/2014/04/pessoas-que-tem-caes-riem-mais-do-que-aquelas-donas-de-gatos-4484199.html
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